Hoje é o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, uma data que serve de reflexão sobre o passado, que busca por visibilidade à luta contra a opressão de gênero, a memória das mulheres negras que enfrentaram adversidades e lutaram por seus direitos.

A data também marca os 16 anos do Memorial Esperança Garcia, localizado no centro Sul de Teresina. O espaço cultural representa a resistência e leva o nome da primeira advogada negra do estado do Piauí, Esperança Garcia.

A história de Esperança Garcia

Nascida mulher negra, enfrentou a escravidão já aos 9 anos de idade. Em 06 de setembro de 1770, escreveu uma carta destinada ao Provedor da Província de São José do Piauí, Gonçalo Lourenço Botelho de Castro, na qual denunciava os abusos físicos e maus-tratos sofridos por ela, seu filho e suas companheiras nas mãos do feitor da Fazenda de Algodões. Em 2017, em homenagem a sua bravura, a seccional da OAB de Piauí reconheceu Esperança Garcia como a primeira mulher negra advogada do Piauí.

Conteúdo da carta de Esperança Garcia (original)

"Eu sou hua escrava de V. Sa. administração de Capam. Antº Vieira de Couto, cazada. Desde que o Capam. lá foi adeministrar, q. me tirou da fazenda dos algodois, aonde vevia com meu marido, para ser cozinheira de sua caza, onde nella passo mto mal. A primeira hé q. ha grandes trovoadas de pancadas em hum filho nem sendo uhã criança q. lhe fez estrair sangue pella boca, em mim não poço esplicar q. sou hu colcham de pancadas, tanto q. cahy huã vez do sobrado abaccho peiada, por mezericordia de Ds. esCapei. A segunda estou eu e mais minhas parceiras por confeçar a tres annos. E huã criança minha e duas mais por batizar. Pello q. Peço a V.S. pello amor de Ds. e do seu Valimto. ponha aos olhos em mim ordinando digo mandar a Procurador que mande p. a fazda. aonde elle me tirou pa eu viver com meu marido e batizar minha filha q.

De V.Sa. sua escrava Esperança Garcia”

Fonte: culturagigital.br